O nosso amigo Cêpa, figura incontornável do panorama das "quatro-latas" português, surgiu numa altura em que a cena já se encontrava perigosamente a "entornar" para o lado dos ricos e dos doutoures: Ir a um encontro de quatro-latas, era já uma actividade que precisava de uma visita prévia a um banco, para fazer um empréstimo.Pensar em adquirir uma quatro latas,resvalava já para o domínio do sonho e das quantias com alguns zeros.Ir a um encontro com uma quatro latas mediana, dentro das nossas posses, era olhado com desprezo por uma nova estirpe de "coleccionadores".
Porquê, se a quatro-latas sempre foi o jipe dos pobres? Do empregado da EDP,e do merceeiro? Do jovem que tirou a carta e não tem muito dinheiro? Das picadas e caminhos do Alentejo? Porque haveria de agora, este importante ícone das estradas portuguesas ser-nos retirado, e tornado num brinquedo luxuoso para ricos?
A quatro-latas sempre foi do povo. Cêpa Santos devolveu, a bem dizer, a quatro-latas ao povo. Os engenheiros e os doutoures sempre franziram o nariz às quatro latas. Queriam antes Renaults 12 e Ford Cortina. Bem me lembro.Agora como os MGs e os Jaguares estão muito caros, pensaram que seria uma boa idéia tornar a quatro latas numa espécie de "opção giríssima" para participarem no Pedras de El -Rei.
Alguns clubes portugueses, que franzem o sobrolho com cara de maus sempre que se referem ao seu clube como "oficial" e "autorizado" em toda a correspondência, começaram por juntar meia dúzia de rapazinhos que acharam "giro" criar um clube de R4s e cobrar exorbitâncias às pessoas. Depois, como a coisa "pegou", já era obrigatório fazer passar "pela administração" qualquer proposta de encontros ou idéias.Depois, como era "caro" pertencer a este clube exclusivo, os valores das quatro-latas começaram a subir em espiral.
Mil contos por uma quatro latas? Ora, por esse preço, compro um Rolls-Royce Silver Shadow em Inglaterra. E pelo preço que cobram pelas quotas em certos clubes "autorizados"e "oficiais", inscrevo-me antes no clube Porsche de Stuttgart.
É natural que clubes de génese cultural e acessível,onde a componente social é sempre valorizada em vez de estar a prestar atenção ao que custou o carro de cada um e estabelecer assim uma "hierarquia" nas mesas dos almoços, seja uma ameaça para clubes "oficiais" e " autorizados". Mas pronto. Os engenheiros e os doutoures que nunca andaram de quatro Ls porque na época que eram um carro "dos pobres", também precisam de clubes. Pode ser que tenham um desconto no "Pedras" ou para entrarem no Museu do Caramulo.
Não quero ir a um encontro onde o tema central do falatório, é o quanto se gastou na quatro-latas, e quanto vale. Quero antes falar sobre experiências e viagens. DIficuldades e desenrascanços.Fins de semana no Alentejo. Não sobre a "Caras" ou a " VIP". O Renault 4 estranha esses ambientes, onde um mero cabo de acelerador partido obriga a chamar o reboque.Entretenham-se lá a fazer clubes para os Jaguares, onde podem cobrar essas exorbitâncias de quotas,e inscrições para passeios, e deixem as quatro latas para a malta que sempre gostou delas e as percebe no seu contexto. Viva o clube dos verdadeiros entusiastas da Renault 4, Amigos 4l.
PS: Com mil contitos, aluguem antes um atrelado e vão buscar algumas seis, a trabalhar a França, a um ferro-velho em Dijon onde estão uma data delas a apodrecer...
Porquê, se a quatro-latas sempre foi o jipe dos pobres? Do empregado da EDP,e do merceeiro? Do jovem que tirou a carta e não tem muito dinheiro? Das picadas e caminhos do Alentejo? Porque haveria de agora, este importante ícone das estradas portuguesas ser-nos retirado, e tornado num brinquedo luxuoso para ricos?
A quatro-latas sempre foi do povo. Cêpa Santos devolveu, a bem dizer, a quatro-latas ao povo. Os engenheiros e os doutoures sempre franziram o nariz às quatro latas. Queriam antes Renaults 12 e Ford Cortina. Bem me lembro.Agora como os MGs e os Jaguares estão muito caros, pensaram que seria uma boa idéia tornar a quatro latas numa espécie de "opção giríssima" para participarem no Pedras de El -Rei.
Alguns clubes portugueses, que franzem o sobrolho com cara de maus sempre que se referem ao seu clube como "oficial" e "autorizado" em toda a correspondência, começaram por juntar meia dúzia de rapazinhos que acharam "giro" criar um clube de R4s e cobrar exorbitâncias às pessoas. Depois, como a coisa "pegou", já era obrigatório fazer passar "pela administração" qualquer proposta de encontros ou idéias.Depois, como era "caro" pertencer a este clube exclusivo, os valores das quatro-latas começaram a subir em espiral.
Mil contos por uma quatro latas? Ora, por esse preço, compro um Rolls-Royce Silver Shadow em Inglaterra. E pelo preço que cobram pelas quotas em certos clubes "autorizados"e "oficiais", inscrevo-me antes no clube Porsche de Stuttgart.
É natural que clubes de génese cultural e acessível,onde a componente social é sempre valorizada em vez de estar a prestar atenção ao que custou o carro de cada um e estabelecer assim uma "hierarquia" nas mesas dos almoços, seja uma ameaça para clubes "oficiais" e " autorizados". Mas pronto. Os engenheiros e os doutoures que nunca andaram de quatro Ls porque na época que eram um carro "dos pobres", também precisam de clubes. Pode ser que tenham um desconto no "Pedras" ou para entrarem no Museu do Caramulo.
Não quero ir a um encontro onde o tema central do falatório, é o quanto se gastou na quatro-latas, e quanto vale. Quero antes falar sobre experiências e viagens. DIficuldades e desenrascanços.Fins de semana no Alentejo. Não sobre a "Caras" ou a " VIP". O Renault 4 estranha esses ambientes, onde um mero cabo de acelerador partido obriga a chamar o reboque.Entretenham-se lá a fazer clubes para os Jaguares, onde podem cobrar essas exorbitâncias de quotas,e inscrições para passeios, e deixem as quatro latas para a malta que sempre gostou delas e as percebe no seu contexto. Viva o clube dos verdadeiros entusiastas da Renault 4, Amigos 4l.
PS: Com mil contitos, aluguem antes um atrelado e vão buscar algumas seis, a trabalhar a França, a um ferro-velho em Dijon onde estão uma data delas a apodrecer...